quinta-feira, 21 de julho de 2011

"Deveriam ter ouvido a população antes"


diz Arcebispo Metropolitano de Cuiabá sobre a privatização da Sanecap

A reunião com o Arcebispo Metropolitano de Cuiabá, D. Milton Antônio dos Santos, realizada nessa quinta-feira (21), foi produtiva, de acordo com os representantes do Fórum Contra a Privatização da Sanecap que estiveram presentes, o vereador Lúdio Cabral (PT) e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Saneamento Ambiental de Cuiabá (Sitaesa), Ideueno Fernandes de Souza. Dom Milton afirmou que esse processo deveria ter sido amplamente discutido antes que a Lei fosse aprovada.

Depois de falar sobre como foi a aprovação do projeto de privatização do saneamento e apontar as irregularidades verificadas, Lúdio explicou que o Fórum procurou a igreja e outras instituições com a idéia é ampliar o apoio na busca pela retomada do debate sobre o assunto. “O sistema de saneamento é um monopólio natural, não há concorrência na administração, isso não é saudável, pois muitas pessoas ainda têm dificuldade de acesso a ela. A água é um bem público e, portanto, deve ser gerido pelo poder público. Dizer que não funciona por ser público é um argumento que não nos convence, pelas experiências que nós já temos de serviços privatizados e que são péssimos”, disse Lúdio.

Ao final da exposição, Dom Milton opinou: “o problema de tudo isso foi como o projeto foi aprovado, sem discussão. O que a gente vê hoje na política é o favoritismo de alguns partidos, para favorecer a vontade de alguns, e isso não me parece certo”, afirmou o Arcebispo. Em seguida, citou o filósofo e jurista Rui Barbosa e sua famosa crítica em que fala sobre “a vergonha de ser honesto”, referindo-se ao que se sente ao ver manobras políticas como essas.

Da parte prática, Dom Milton disponibilizou o material elaborado em 2004 para a Campanha da Fraternidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que teve como tema “Água, fonte de vida”. Um dos trechos do material disponibilizado para o Fórum, lido pela irmã Cleofa Marlisa Flack, depois da reunião, diz: “Cabe a cada cidadão, a cada comunidade, a cada povo ter o controle sobre a qualidade de suas águas e a co-gestão no seu gerenciamento. É um novo tempo na história da água, é uma nova atitude que se impõe.”

Dom Milton ficou, ainda, de abordar o tema durante os programas na Rádio Bom Jesus de Cuiabá e adiantou que a próxima Campanha da Fraternidade da Igreja terá um tema também relacionado ao saneamento; será “Fraternidade e Saúde Pública”.

Para o presidente do Sintaesa, Ideueno, Dom Milton está certo em defender uma posição de diálogo. “Independente de ser a favor ou não da privatização, o que importa é que a discussão deveria ter sido feita antes de decisões importantes como esta. Então, depois do debate, a decisão da maioria da população pode ser tomada de maneira democrática”, disse Ideueno.

“A Arquidiocese quer ser uma luz no que se refere a reflexões sobre os bens essenciais, por isso eu acredito que é importante, nesse momento, retomar essa discussão”, concluiu o Arcebispo.

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